O Ministério das Finanças da China anunciou nesta quarta-feira (9) a imposição de tarifas de 84% sobre produtos importados dos Estados Unidos a partir desta quinta-feira (10). A medida representa uma forte retaliação ao tarifaço implementado pelo presidente americano Donald Trump e eleva a tensão na crescente guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo. A cobrança chinesa é uma resposta direta à sobretaxa americana de 104% sobre produtos chineses.
A União Europeia também se juntou à onda de retaliações nesta quarta-feira, anunciando a aplicação de tarifas de 25% sobre uma série de importações provenientes dos EUA a partir da próxima terça-feira (15), ampliando o espectro da disputa comercial global.
A nova tarifa chinesa representa um aumento significativo de 50 pontos percentuais em relação aos 34% que já haviam sido anunciados pelo governo chinês na semana passada. A elevação dos percentuais acompanha as taxas impostas pelos Estados Unidos. O anúncio chinês coincidiu com a entrada em vigor de uma tarifa extra de 50% sobre as importações chinesas que chegam aos EUA, elevando a alíquota total sobre os produtos do país asiático para 104%.
Escalada da Guerra Tarifária
A guerra tarifária entre Estados Unidos e China se intensificou na última semana, após o anúncio das tarifas recíprocas prometidas pelo presidente americano Donald Trump. Na quarta-feira passada (2), Trump detalhou a tabela das tarifas, que variavam de 10% a 50% e passaram a ser cobradas, a partir desta quarta (9), sobre importações de mais de 180 países. A China foi um dos países mais afetados, com uma tarifa inicial de 34%, que se somou aos 20% já existentes sobre produtos chineses.
Em resposta ao "tarifaço" americano, o governo chinês impôs, na sexta-feira passada (4), tarifas extras de também 34% sobre todas as importações provenientes dos Estados Unidos. A escalada continuou quando os EUA decidiram retaliar a retaliação chinesa, com Trump dando um ultimato para que a China retirasse suas tarifas até as 13h (horário de Brasília) desta quarta-feira (9), sob a ameaça de uma nova taxação de 50%, elevando o total das tarifas americanas para 104%. A China não cedeu e, na quarta-feira, reafirmou sua disposição de "revidar até o fim".
Cumprindo sua promessa, a Casa Branca confirmou a elevação em mais 50% das tarifas sobre os produtos chineses na tarde de quarta-feira. Apesar da escalada, o presidente americano expressou acreditar que a China chegaria a um acordo com os EUA para evitar a imposição de mais tarifas. A resposta chinesa começou a se materializar no início da madrugada desta quinta-feira.
Inicialmente, a China divulgou um documento detalhando suas relações comerciais e econômicas com os EUA, reiterando sua intenção de prosseguir com as retaliações. Um porta-voz do Ministério das Relações Internacionais chinês afirmou que o país estava aberto a negociações para evitar uma intensificação da guerra tarifária, mas enfatizou que "se os EUA realmente quiserem resolver o problema por meio do diálogo e da negociação, devem adotar uma postura de igualdade, respeito e benefício mútuo". O porta-voz reiterou que "os Estados Unidos continuam abusando das tarifas para pressionar a China. A China se opõe firmemente a isso e jamais aceitará esse tipo de intimidação".
Posteriormente, a China manifestou sua "profunda preocupação" com a situação na Organização Mundial do Comércio (OMC), alertando que a decisão americana de impor tarifas recíprocas a Pequim ameaça desestabilizar ainda mais o comércio global. "A situação se agravou perigosamente. ...Como um dos membros afetados, a China expressa profunda preocupação e firme oposição a essa medida imprudente", declarou a China em comunicado à OMC, ao qual a agência de notícias Reuters teve acesso. Pouco depois, o governo chinês anunciou o aumento das tarifas cobradas sobre os EUA.
Mercado Global Reage Negativamente
Os mercados financeiros globais, que já apresentavam tendência de queda desde o início da manhã, intensificaram as baixas após o anúncio da China, refletindo o crescente temor de que as duas maiores economias do mundo ingressem em uma guerra comercial ainda mais profunda e prolongada.
No Brasil, o dólar operou em alta, chegando a encostar no patamar de R$ 6,10 antes de se estabilizar em torno de R$ 6,05 por volta das 10h20. O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira (B3), também registrou queda. Na Europa, as principais bolsas de valores operaram em forte baixa, com o índice Euro Stoxx 50, que reúne as ações das principais empresas europeias, apresentando queda de 3% no mesmo horário. Na Ásia, as bolsas de valores fecharam majoritariamente em baixa, com exceção da China e Hong Kong, que registraram leves altas.
Desempenho das Principais Bolsas Europeias (por volta das 10h20):
- DAX (Alemanha): -2,86%
- CAC 40 (França): -3,14%
- FTSE 100 (Reino Unido): -2,80%
- Itália 40 (Itália): -2,91%
- IBEX 35 (Espanha): -2,28%
- AEX (Holanda): -3,13%
- SMI (Suíça): -4,90%
Desempenho das Principais Bolsas Asiáticas (fechamento):
- CSI 1000 (China): +2,21%
- Hang Seng (Hong Kong): +0,68%
- Nikkei 225 (Japão): -3,78%
- Kospi (Coreia do Sul): -1,74%
Além das tarifas sobre a China, nesta quarta-feira também entraram em vigor as tarifas recíprocas sobre os mais de 180 países anunciados por Trump na semana passada, ampliando ainda mais o cenário de incerteza e instabilidade no comércio global.