O dólar encerrou a sessão desta terça-feira (22) em queda, cotado a R$ 5,72, o menor valor desde o impacto das tarifas anunciadas por Donald Trump, detalhadas em 2 de abril. No dia seguinte ao anúncio das medidas, a moeda havia fechado a R$ 5,62, iniciando uma escalada que a levou a atingir R$ 5,99 em 8 de abril.

O primeiro pregão após o feriado prolongado foi marcado pela contínua repercussão das declarações do governo de Donald Trump nos Estados Unidos, que vêm gerando incertezas no mercado financeiro global. Na última quinta-feira (17), o ex-presidente criticou publicamente o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, e afirmou que, se quisesse, o demitiria do cargo. No dia seguinte, assessores de Trump voltaram a abordar o tema, com o assessor econômico da Casa Branca, Kevin Hassett, afirmando que o presidente e sua equipe estavam "estudando" as opções.

"Essa batalha acaba gerando muita incerteza — tudo o que o investidor não gosta", explicou Braian Largura, sócio do escritório VNT Investimentos, ao comentar a desvalorização do dólar. Ele acrescentou que o cenário também contribuiu para a disparada do ouro, que atingiu um recorde de cotação, superando os US$ 3.500 nesta terça-feira, impulsionado pela busca dos investidores por ativos considerados mais seguros em meio à turbulência econômica nos EUA.

Apesar da retórica de Trump gerar ruídos nos mercados financeiros globais, a legislação americana impede que o presidente demita o presidente do Fed. Diante disso, os investidores ignoraram parcialmente as ameaças, resultando em uma alta de mais de 2,5% nos três principais índices de ações dos Estados Unidos.